A Era De Ouro

A Era De Ouro

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Catarina de Aragão

Catarina de Aragão (em castelhanoCatalina de Aragón; Alcalá de Henares16 de dezembro de 1485 — Castelo de Kimbolton, Cambridgeshire7 de janeiro de 1536) foi Princesa de Espanha e a primeira rainha consorte de Henrique VIII de Inglaterra, sendo mãe da rainha Maria I. Conversava tanto em seu espanhol nativo, quanto em latim, grego, francês e, mais tarde, inglês. Quando rainha, o seu tempo foi maioritariamente empenhado em obras de caridade, o que lhe conferiu o amor do povo inglês.
Sua união com Henrique foi incapaz de produzir um herdeiro masculino para o trono. Ele entrou com um pedido de anulação do casamento, alegando que ela teria consumado o anterior, com seu irmão mais velho, falecido pouco depois de desposar Catarina, Artur, Príncipe de Gales. Uma série de eventos seguiu esse pedido, levando ao rompimento da coroa inglesa com a Igreja Católica Romana após o papa negá-lo. O rei, assumindo a supremacia religiosa no país, conseguiu a anulação e casou-se com sua amante Ana Bolena. Catarina, todavia, nunca aceitou a decisão, e continuou considerando-se sua legítima esposa e Rainha da Inglaterra.

Catarina nasceu em Alcalá de Henares e foi a filha sobrevivente mais nova dos Reis Católicos Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela. Ela tinha uma baixa estatura, cabelos ruivos, grandes olhos azuis e rosto arredondado. Descendia, pelo lado materno, da família real inglesa; sua bisavó Catarina de Lencastre, de quem recebeu seu nome, e sua trisavó Filipa de Lencastre eram ambas filhas de João de Gante e netas de Eduardo III. Consequentemente, ela era prima em terceiro grau de seu futuro sogro, Henrique VII, e em quarto grau da sogra, Isabel de Iorque.
Ainda pequena, Catarina viajava constantemente pela Espanha, acompanhando seus pais durante as guerras para expulsar os mouros.[5] Foi educada pelo tutor Alessandro Geraldini, um eclesiástico, e estudou religião, os clássicos, história, leisheráldica e genealogia, além de atividades consideradas femininas, como costurabordado e dança. Catarina aprendeu a falar e escrever em latim e espanhol, além de falar francês e grego e, apenas depois de sua chegada à Inglaterra, inglês] Aos três anos, tornou-se noiva do herdeiro do trono inglês,Artur TudorPríncipe de Gales. Considerando seu lado materno, Catarina teria uma maior reivindicação ao trono do que o próprio Henrique VII, pois descendia das duas primeiras esposas de João de Gante, Branca de Lencastre e outra Infanta espanhola, Constança de Castela. Em contraste, Henrique descendia da relação dele com Catarina Swynford, cujos filhos nasceram fora do casamento e só foram legitimados depois da morte de Constança e casamento com Catarina. Embora considerados legítimos depois disso, eles foram privados de direito ao trono, algo que foi ignorado nas gerações seguintes. Por causa disso, a dinastia Tudor não era aceite nem considerada legítima por todos os países europeus. Portanto, o casamento com Catarina, além de ligá-los a uma das famílias mais prestigiadas da Europa na época, os Trastâmara, fortalecia sua reivindicação ao trono Os dois casaram-se por procuração em maio de 1499 e escreviam um para o outro em latim até Artur completar quinze anos, quando foi considerado que estavam com idade suficiente para o casamento de fato Catarina chegou a Londres com um grupo de seus servidores africanos, considerados de luxo pelos ingleses, que causaram grande impressão

Casamento com Artur e viuvez



Quando se conheceram, ela e Artur descobriram que não conseguiam se entender, pois haviam aprendido pronunciações diferentes do latim.] Casaram-se em novembro de 1501, na Antiga Catedral de São Paulo, com uma grande cerimônia oferecida pelo pai do noivo O casal foi viver no País de Gales, onde Artur tinha deveres a cumprir. Alguns meses depois, ambos ficaram doentes, provavelmente da doença do suor que assolava a região.Em abril de 1502, Artur morreu e Catarina recuperou-s

O pedido de anulação


Retrato de Henrique VIII porHans Holbein, o Jovem, feito em 1540.
A dedicação religiosa de Catarina aumentava enquanto ela envelhecia, assim como seu interesse pelos estudos acadêmicos. Ela constantemente melhorava seus conhecimentos e ensinava sua filha Maria. A educação feminina tornou-se elegante, parcialmente por sua influência. Ela também doou uma grande quantidade de dinheiro para universidades. Henrique, no entanto, ainda considerava um herdeiro masculino essencial. A dinastia Tudor ainda era recente, e sua estabilidade não havia sido testada.[4] Além disso, uma longa guerra civil, conhecida como A Anarquia (1135–54) havia acontecido da última vez que uma mulher, Matilde de Inglaterra, tentara assumir o trono, e a memória da Guerra das Rosas estava presente na memória coletiva.[12]
Em 1525, Henrique começou a se interessar por Ana Bolena, dama de companhia da rainha, oito anos mais nova do que ele. Ele passou a cortejá-la;[13] já não era mais possível para Catarina ter filhos. Henrique considerava que seu casamento podia ter sido amaldiçoado. Consultou a Bíblia, em Levítico, e a interpretou como dizendo que se um homem desposasse a mulher de seu irmão, o casal ficaria sem filhos Mesmo se o casamento não tivesse sido consumado (no que Catarina insistiu até o dia de sua morte), a interpretação dele afirmava que teria sido errado aos olhos de Deus, portanto nem mesmo o papa poderia oferecer uma concessão. É possível que a ideia de uma anulação tenha sido sugerida para Henrique muito antes, e muito provável que ele seria mais motivado pelo desejo de ter um filho e evitar problemas na sucessão

Catarina fazendo sua defesa contra a anulação, por Henry Nelson O'Neil.
Rapidamente, conseguir a anulação de seu casamento com Catarina tornou-se uma prioridade para ele.[ William Knight, secretário do rei, foi enviado para solicitar a anulação ao Papa Clemente VII. Nessa época, o papa era prisioneiro do sobrinho de Catarina, o Imperador Carlos I, depois do Saque de Roma em maio de 1527. Foi difícil para William ter acesso a ele, e retornou sem sucesso. Henrique, então, colocou a questão nas mãos do Cardeal Tomás Wolsey. O cardeal realizou um julgamento para investigar se o casamento seria válido ou não; o bispo de Rochester John Fisher, posicionou-se firmemente ao lado de Catarina. Ela foi irredutível quando lhe foi sugerido que se retirasse discretamente para virar uma freira, dizendo, "Deus nunca me chamou para um convento. Sou a verdadeira e legítima esposa do rei". Escreveu então para seu sobrinho Carlos, pedindo que tentasse influenciar o papa a tomar uma decisão contra a vontade do marido.[17]
Wolsey realizou um tribunal eclesiástico na Inglaterra, com a presença de um representante do papa, de Henrique e da própria Catarina. O papa, porém, não permitiria que a decisão fosse tomada na Inglaterra, e chamou seu representante de volta a Roma. É difícil dizer até onde teria sido influenciado pelo imperador, mas Henrique claramente percebeu que era improvável obter a anulação de seu casamento com a tia deste através do papa, que o proibiu de voltar a se casar antes de tomar uma decisão sobre o assunto. Wolsey havia falhado, e foi afastado da corte em 1529. Ele começou então a tramar para que Ana fosse forçada ao exílio e a se comunicar escondido com o papa; quando Henrique descobriu, ordenou sua prisão. Se não tivesse adquirido uma doença grave e morrido, poderia ter sido executado por traição
Catarina era mais amada pelo povo inglês do que Ana, que era vista como uma usurpadora.[17] Além de Fisher, alguns de seus defensores eram Thomas More, a irmã de Henrique, Maria Tudor, o líder protestante Martinho Lutero, e William Tyndale.e como uma viúva aos dezesseis anos.

Catarina de Aragão, já como uma jovem viúva, em 1502.
Henrique VII não queria devolver a primeira parte do seu dote, nem seus pais queriam que ela voltasse para a Espanha sem os direitos de viuvez, o que o rei não concedia por não ter recebido a segunda parte do dote. Surgiu então a possibilidade de tornar-se noiva do novo Príncipe de Gales, seu antigo cunhado Henrique, cinco anos mais jovem que ela. A morte de sua mãe, Isabel de Castela, durante as negociações, todavia, diminuiu o valor de Catarina para o matrimônio aos olhos do rei inglês, pois Castela era um reino muito maior que Aragão, e foi herdado pela filha mais velha do casal, a mentalmente instável Joana I de Castela. O casamento foi, então, ostensivamente adiado até que Henrique estivesse com idade suficiente, mas o rei procrastinou tanto que era uma dúvida se realmente aconteceria. A situação de Catarina ficou difícil, pois passou a viver como uma potencial prisioneira, e com pouco dinheiro para manter a si própria e a suas damas de companhia, sendo obrigada a vender parte de seus bens.
Em 1507, serviu como embaixadora espanhola na Inglaterra, quando seu pai viu-se sem um, o que fez dela a primeira mulher embaixadora da Europa.] A jovem afirmou que o casamento com Artur não havia sido consumado devido a pouca idade de ambos, e uma dispensa papal foi requisitada, porque o direito canônico dizia que um homem não poderia casar com a mulher de seu irmão. OPapa Júlio II a concedeu em 1505

Rainha da Inglaterra


Casamento e coro

Afastamento


A filha de Catarina e Henrique, Maria.
Em 1531, um tribunal eclesiástico declarou Henrique o chefe supremo da Igreja na Inglaterra, o que efetivamente acabava com a autoridade papal não apenas na questão da validade do casamento, mas em todas as outras questões religiosas do país.] Em julho desse mesmo ano, Catarina foi expulsa da corte, e seus antigos aposentos foram dados para Ana. Quando o Arcebispo da Cantuária William Warham morreu, sua posição foi entregue aTomás Cranmercapelão da família Bolena. Catarina passou a viver praticamente isolada em Ludlow, e foi afastada de sua filha Maria, a quem nunca mais voltou a ver. Henrique casou-se secretamente com Ana Bolena. Acredita-se que Ana, cuja irmã Maria havia sido amante de Henrique, teria se recusado a deitar-se com ele antes do casamento. Tomás Cranmer efetuou a anulação em maio de 1533; cinco dias depois, o casamento dele com Ana foi considerado válido. Em março de 1534, o papa negou o pedido de anulação, mas a decisão foi ignorada por Henrique, que não mais o reconhecia

A morada de Catarina foi mudada repetidas vezes, ficando mais humilde, por ordens de Henrique. Ela continuou a se considerar e usar o título de rainha, como ainda era chamada pelos seus servos. Henrique, todavia, a considerava apenas "Princesa Viúva de Gales", em reconhecimento a sua posição como viúva de Artur. Era-lhe permitido receber visitas apenas ocasionais; algumas delas, discretamente, trocavam cartas entre ela e sua filha, que estavam proibidas de se comunicar de qualquer maneira. O rei lhes ofereceu a chance de terem melhores alojamentos e permissão para terem contato uma com a outra, se aceitassem Ana como a rainha legítima. Ambas recusaram.ação


Uma xilogravura do século XVI, retratando a coroação de Henrique e Catarina.
Após um ano da morte de Artur, a rainha Isabel de Iorque morreu no parto de um bebê natimorto, aos 37 anos.[8] Em abril de 1509, o próprio rei Henrique VII faleceu, tornando seu filho o novo rei da Inglaterra, Henrique VIII. Ele decidiu que se casaria com Catarina rapidamente. A cerimônia privada aconteceu em junho de 1509, seis anos depois da morte de Artur; Catarina estava com 23 anos, e Henrique próximo dos 18 Os dois fizeram a tradicional procissão para Westminster no dia 23 desse mês, seguida por uma população entusiasmada, depois de passarem a noite na Torre de Londres, como de costume. No dia seguinte, foram ungidos e coroados juntos pelo Arcebispo de Canterbury na Abadia de Westminster. No mês que se seguiu, seriam organizadas várias ocasiões sociais para que a nova rainha fosse apresentada ao povo inglês, que a recebeu bem.

Filhos e regência

O primeiro parto da rainha foi de uma menina natimorta, em janeiro de 1510. Ela voltou a engravidar logo, e no mesmo mês do ano seguinte nascia seu filho, Henrique, Duque da Cornualha e Príncipe de Gales. O bebê, no entanto, viveu apenas 52 dias. Em 1513, Catarina engravidou outra vez, pouco antes de Henrique partir para a França com seu exército. Ela foi deixada como rainha regente. Aproveitando a ausência do rei, os escoceses invadiram o território inglês, mas foram derrotados, resultando inclusive na morte do rei da EscóciaJaime IV, entre outras figuras importantes do país. Apesar de ser uma história difundida, não há comprovação de que Catarina tenha feito um discurso para incentivar as tropas inglesas à batalha. O resultado dessa gravidez também não foi satisfatório: um menino natimorto, ou falecido pouco depois de nascer. O rei retornou e, em 1514, a rainha voltou a dar à luz um menino, príncipe Henrique, mas ele também acabou morrendo pouco tempo depois de nascer. Em fevereiro de 1516, Catarina teve um bebê saudável, uma menina, chamada Maria. Seu pai, Fernando de Aragão, tinha morrido pouco tempo antes, mas a notícia não foi dada a ela enquanto carregava o bebê. Dois anos depois, ficou grávida uma última vez, novamente uma menina, mas que não chegou a viver mais de uma semana. No total, ela engravidou seis vezes, embora apenas uma das crianças tenha chegado à idade adulta.

Influência e legado[editar | editar código-fonte]


Estátua de Catarina emAlcalá de Henares.
O controverso livro The Education of Christian Women, de Juan Luis Vives, que afirmava que as mulheres tinham direito à educação, foi dedicado e autorizado por Catarina. A impressão que causava nas pessoas era tanta, que até seu inimigo Thomas Cromwell disse que "Se não fosse por seu sexo, ela poderia ter desafiado todos os heróis da História"Ela conquistou grande admiração por iniciar um extenso programa de ajuda aos pobres.Foi também uma patrona do humanismo renascentista, e amiga dos estudiosos Erasmo de Roterdão e Thomas More. Alguns a viam como mártir.

Sua tumba, como é vista depois da modificação no século XX.
No reinado de sua filha Maria I de Inglaterra, o casamento com Henrique VIII foi declarado "correto e válido". A rainha Maria também encomendou muitos retratos de sua mãe. Um dos momentos mais retratados foi seu discurso no julgamento para decidir se seu casamento seria válido ou não, organizado por Tomás Wolsey; esse momento também foi descrito por William Shakespeare, na peça Henry VIII.A tumba de Catarina na Abadia de Peterborough foi modificada séculos depois, por ordem de Maria de Teck, rainha consorte de Jorge V, para que dissesse "Katharine Queen of England"Todos os anos, é realizada uma cerimônia em sua homenagem. São feitas procissões e orações, e são colocadas velas, flores e romãs em seu túmulo.] No dia do 470º aniversário de sua morte, o embaixador espanhol no Reino Unido compareceu. Há uma estátua dela em seu local de nascimento, Alcalá de Henares, que mostra uma jovem segurando um livro e uma rosa.






Enquatno Henriquinho não vem...

Sucessão de Henrique VIII está indefinida. Sua majestade declara bastardas
as duas filhas, Mary e Elizabeth. Na briga pelo trono, FitzRoy corre por fora.
Enquanto isso, a rainha Jane tenta reaproximar o rei de sua primogênita

uem pode, pode. Primeiro, Henrique VIII conseguiu a separação de Catarina de Aragão na marra, para poder se casar com Ana Bolena. Depois, tirou da linha de sucessão a primogênita Mary, filha de Catarina, em favor da caçula Elizabeth, gerada por Ana Bolena. Em seguida, mandou Ana para o corredor da morte a fim de se casar com Jane Seymour. Agora, o rei se prepara para chacoalhar de novo sua árvore genealógica. O rei transformará também Elizabeth em sua filha bastarda, deixando caminho livre para que a prole produzida por sua terceira esposa herde o trono da Inglaterra. O segundo Ato de Sucessão à Coroa, que formaliza mais esta alteração no quadro dos herdeiros da monarquia, está sendo preparado e deve ser aprovado pelo Parlamento a qualquer momento
Enquanto esse rebento não é gerado, Henrique VIII tem liberdade de designar qualquer pessoa para assumir seu lugar quando de seu desaparecimento. Fontes na corte especulam que a boquinha pode cair no colo de outra cria bastarda - mas que conta com a vantagem de ser do sexo masculino. Henry FitzRoy, hoje com 17 anos, é o único filho homem do rei. Fruto da relação do soberano com a dama de honra Elizabeth Blount, FitzRoy – que significa justamente "filho do rei" – foi criado como príncipe em Yorkshire. Desde 1533, o bastardo está casado com Mary, filha de Thomas Howard, terceiro Duque de Norfolk, e prima de Ana Bolena. É notório o apreço que Henrique VIII tem pelo jovem, que já foi nomeado Duque de Richmond e Somerset. Há alguns meses, o monarca deu a ele o título de Lorde-Tenente da Irlanda, com a provável intenção de coroá-lo rei daquele território.
Filha rebelde - No caminho de FitzRoy, porém, está a devoção religiosa da nova rainha. As cortesãs de Jane Seymour confidenciam que Jane Seymour está empenhada em convencer Henrique VIII a se reconciliar com a primeira filha, Mary, para trazê-la de volta à corte e recolocá-la na linha de sucessão. Como se sabe, ambas são católicas, e a nova rainha jamais escondeu de ninguém sua admiração e lealdade por Catarina de Aragão, de quem foi dama de honra. Mary, hoje com 20 anos – apenas sete mais jovem que a madrasta, portanto – desempenha o papel de dama de honra da irmã, a princesa Elizabeth, desde o nascimento desta, em 1533.
A filha de Catarina jamais reconheceu Ana Bolena como rainha ou sua pequenina meia-irmã como princesa, título que ela considera seu. Com o último ato de sucessão, contudo, as duas estarão no mesmo barco - nem Mary nem Elizabeth serão mais consideradas princesas. Jane terá trabalho para reaproximar pai e filha, uma vez que Mary ainda não perdoou Henrique VIII pela recusa em conceder permissão para visitar a mãe antes da morte de Catarina. O rei, claro, não se abala muito com o bico da filha rebelde – há assuntos mais sérios com os quais deve se preocupar. Pai e filha não se falam há três anos. Ajudaria bastante na causa da nova rainha se esta finalmente trouxer o tão esperado Henriquinho – então, com sua obsessão saciada, certamente o monarca terá mais boa-vontade para atender os desejos da mulher.

domingo, 23 de agosto de 2015

Campo do Pano de Ouro

Campo do Pano de Ouro (em francêsCamp du Drap d'Or) é o nome historicamente dado ao local situado em Balinghem, entre Guînes e Ardres, próximo a Calais, em França, que foi palco do espetacular encontro acontecido de 7 a 24 de junho de 1520, entre o rei Henrique VIII da Inglaterra e o rei Francisco I da França. A conferência foi organizada com o objetivo de estreitar os laços de amizade entre os dois soberanos, em consequência do tratado anglo-francês de 1518. Foi um encontro diplomático entre o ReiFrancisco I de França e o Rei Henrique VIII de Inglaterra, nos prados de França entre Guines e Ardres, perto de Calais, com o objectivo de chegar a um acordo para pôr fim às hostilidades entre os reinos, e também para tentar estabelecer uma aliança para conter o avanço da Espanha, governada então pelo imperador Carlos V de Habsburgo.
A reunião entre os dois reis foi exuberante. Ficou registado o esplendor da ocasião, e os refinamentos das duas tribunas rivais, adornadas com magníficos panejamentos e estandartes, com damascos, dourados e panos bordados em ouro.
Duas grandes potências emergiam na Europa do século XVI: a França sob Francisco I e o Império Habsburgo sob Carlos V do Sacro Império Romano Germânico. A Inglaterra, então pouco poderosa, estava sendo cortejada como aliada por ambos potentados. O Tratado de Londres, pacto de não-agressão entre as potências da Europa e de mútuo auxílio para resistir à expansão otamana no sudeste europeu, há pouco havia sido celebrado. Henrique VIII também realizou encontros menos espetaculares com Carlos V, um mês antes deste no Campo do Pano de Ouro, nos Países Baixos e outro em Calais.
Henrique e Francisco desejavam ser vistos como príncipes do Renascimento. O pensamento renascentista preconizava que um príncipe podia obter a paz se mostrasse o seu poder e opulência. O encontro, assim, foi planejado para exibir as magnificências de cada corte, e como esta deveria servir de base para o respeito e paz mútuos, já que eram nações tradicionalmente inimigas. Henrique e Francisco eram também figuras bastante similares em idade e na reputação enérgica, havendo natural curiosidade entre os dois por se conhecerem.
Tudo foi organizado para exibir igualdade entre ambos os lados. O local do encontro situava-se à mesma distância da extremidade do território inglês, a partir de Calais. O vale onde a primeira reunião aconteceu havia sido terraplanado, de modo a prover de igual elevação às duas comitivas nacionais. Todo o evento foi arquitetado pelo Cardeal Wolsey que, como Legado Papal, gozava de plenos poderes em nome do soberano católico. Wolsey era carismático, eloqüente e mestre na diplomacia.
Cada soberano procurou ofuscar o outro, com roupas e barracas deslumbrantes, suntuosos banquetes, música, competições e jogos. Barracas e vestuários exibiam panos tecidos com ouro, uma malha dispendiosa feita com linhas de seda e ouro - razão pela qual o lugar passou a ter este nome.
Os arranjos mais elaborados foram aqueles para a acomodação dos reis e seus séquitos; especialmente por parte de Henrique VIII não foram poupados esforços para causar em toda a Europa uma grande impressão acerca desse encontro. Antes o castle of Guides (castelo dos Diretores, numa tradução ligeira) foi erguido numa área de cerca de 10000 m², apenas para abrigar o soberano bretão.
Este palácio compunha-se de quatro blocos com um pátio central; tinha, em cada lado, cerca de 90 m de comprimento. A única parte sólida eram os alicerces, feitos em tijolos, e tinham uma altura de 2,5 m. Sobre esta base de alvenaria foram erguidas paredes com cerca de 10 m de altura em pano ou telas de madeira moldada, pintadas de modo a simular serem feitas de pedras ou tijolos. O teto inclinado era feito em pano untado e pintado em linhas para dar a ilusão de ser em ardósia. Comentários contemporâneos ressaltaram especialmente a quantidade de vitrais, o que fazia com que se tivesse no interior a impressão de estar-se ao ar livre. Foi decorado de forma suntuosa com uma profusão de ornamentos em ouro. Do lado externo duas fontes jorravam vinho tinto. A capela era guarnecida por trinta e cinco padres.
O compositor Jean Mouton provavelmente cuidou da produção musical de Francisco I; a capela real francesa tinha um dos melhores coros europeus, e os contemporâneos registraram que este coro lhes "deleitaram os ouvidos".[1] O teto em madeira de uma das barracas foi depois instalado na Nova Capela de Ightham Mote onde, apesar do colorido já desbotado, pode ser apreciado em suas características originais.[2]
Uma idéia sobre o tamanho da comitiva de Henrique VIII pode ser formada com o fato de que em um mês 2.200 carneiros e outras viandas em iguais proporções foram consumidos. Nos campos além do castelo foram erguidas barracas para abrigar um número de 2.800 convidados menos importantes, e o cenário era verdadeiramente festivo. Damas e cavalheiros magnificamente vestidos, exibiam suas roupas, ansiosos por reviver os tempos gloriosos da cavalaria, atraindo saltimbancos, mendigos e vendedores de todos os tipos.
Vindo de Calai Henrique chegou ao seu quartel-general em Guînes em 4 de junho de 1520, e Francisco veio para seu pouso, vindo de Ardres. Depois que o Cardeal Wolsey, com uma esplêndida comitiva, visitou o rei franco, os dois monarcas se encontraram no Val d'Or, um sítio a meio caminho dos dois acampamentos, no dia 7.
Os dias seguintes foram dedicados aos torneios, nos quais ambos os soberanos tomaram parte - mas não um contra o outro. Houve banquetes, que os reis ofereciam a suas rainhas. Outros entretenimentos incluíam exibições de arco-e-flecha e lutas entre bretões e lutadores ingleses.
Wolsey celebrou uma missa e os dois soberanos separaram-se em 24 de junho, dia de Corpus Christi. A própria missa foi interrompida por um evento misterioso onde um dragão ou salamandra voadora sobrevoou a assembléia. Os supersticiosos disseram que aquele fora um grande presságio, mas provavelmente havia sido um acidental - ou deliberado - fogo de artifício desgarrado. O sermão foi lido por Richard Pace, amigo íntimo deErasmo de Roterdão. Wolsey deu uma indulgência geral, perdoando os pecados de todos os presentes.



sábado, 22 de agosto de 2015

Henrique VIII: O terror da mulherada


O rei inglês Henrique VIII, criador de uma igreja própria, assassinou duas de suas seis esposas

01/12/2007 00h00
Henrique VIII entrou para a história por causa da religião e de sua escandalosa vida de alcova. Na juventude, suas paixões eram as mulheres, a bebida, o carteado, os esportes eqüestres e o jogo de dados. A fama de boa vida não incomodava a corte – afinal, o herdeiro do trono inglês era seu irmão, o bem-comportado Arthur. Só que Arthur morreu, e Henrique foi coroado em 1509, aos 18 anos. Arranjaram-lhe, de quebra, uma esposa, a sem graça Catarina de Aragão, viúva de Arthur e cinco anos mais velha que ele.
Claro, não foi um casamento feliz. Para piorar, Catarina não deu um herdeiro homem ao monarca. Foi então, em 1522, que Henrique cresceu o olho para uma dama de companhia de Catarina, a bela Ana Bolena. Levou tempo, mas em 1533 os dois se casaram secretamente. Como a Igreja Católica não reconhecia esse casamento e não anulava a união do rei com Catarina, Henrique VIII tomou uma medida que mudaria a vida religiosa inglesa para sempre: rompeu com o Vaticano e criou sua própria igreja em 1534. Na época, a Igreja Anglicana gerou um banho de sangue: 72 mil revoltosos papistas – inconformados com a separação – foram mortos no reinado de Henrique, incluindo milhares de monges e grandes intelectuais da época, como o filósofo sir Thomas Morus, ex-chanceler da Coroa.
Ana Bolena, porém, não deu a Henrique o tão aguardado herdeiro homem. Foi levada a um julgamento fajuto em que o rei acusou-a, entre outras coisas, de adultério, incesto e magia negra. Acabou decepada em 1536. A terceira esposa do rei, Jane Seymour, teve um filho, mas morreu de febre depois do parto. A quarta, Ana de Clèves, coitadinha, era muito feia, e o casamento foi anulado. A próxima da lista foi a bela e fogosa Catarina Howard. Acusada pelo paranóico rei de infidelidade, foi decepada na Torre de Londres em 1542. A sexta e última esposa de Henrique foi Catarina Parr. Henrique morreu em 1547, aos 56 anos, com sérios problemas de saúde devido à obesidade. Segundo uma teoria moderna, também teria contraído sífilis. Corria na corte a história de que o fantasma da quinta ex, Catarina Howard, assombrava o rei no palácio. “Henrique com seis mulheres casou. Uma morreu, uma viveu, de duas divorciou e de duas a cabeça cortou”, cantava o espectro.