A Era De Ouro

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sábado, 22 de agosto de 2015

Thomas More e Thomas Wolsey – Fidelidade Religiosa versus Corrupção!

Cardeal Wolsey e Thomas More
Em Behind The Scenes da primeira temporada da série The Tudors o autor, Jonathan Rhys Meyers, que interpreta Henrique VIII, é entrevistado pela SHOWTIME e uma das perguntas diz respeito a Thomas More e Thomas Cardeal Wolsey.
  • Veja trechos do seriado mostrando de forma resumida o conflito de Thomas More e Wolsey:
SIR THOMAS MORE
Em linhas gerais, Thomas More foi homem de estado, diplomata, escritor, advogado, homem de leis e vale dizer que é considerado um dos grandes humanistas do Renascimento. More ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 15291 a 1532, o cargo de “Lord Chancellor” (Chanceler do Reino – o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII. Devido a sua fidelidade extrema à Igreja católica, Thomas negou reconhecer Henrique VIII como cabeça da Igreja da Inglaterra, tendo como decisão manter silêncio sobre o assunto. Convém ressaltar que tamanha fidelidade de More é considerada pela Igreja Católica um modelo de fidelidade à Igreja e à própria consciência, e também representa a luta da liberdade individual contra o poder arbitrário. A morte de Thomas por decapitação ordenada por Henrique VIII foi considerada uma das mais graves e injustas sentenças aplicadas pelo Estado contra um homem de honra. Pode-se dizer que a morte injusta de Thomas como centenas de outras decapitações de pessoas inocentes foi um resultado de uma atitude despótica e de vingança pessoal do rei.
Thomas More por Hans Holbein, o Jovem (1527)
Thomas foi condenado “a ser suspenso pelo pescoço” e cair em terra ainda vivo. Depois seria esquartejado e decapitado. Interessante dizer que,em atenção à importância do condenado o rei, “por clemência”, reduziu a pena a “simples decapitação”. Thomas ao ficar ciente disto, comentou:
Não permita Deus que o rei tenha semelhantes clemências com os meus amigos.” No momento da execução suplicou aos presentes que orassem pelo monarca e disse que “morria como bom servidor do rei, mas de Deus primeiro.
Vá fundo e assista ao vídeo de sua execução:
JONATHAN: Acho que More conhecia Henrique desde pequeno. Quando ele era garoto. Talvez tenha sido seu tutor. Não sei se foi seu tutor ou não. Henrique olhava para more como a figura do irmão mais velho que ele não teve. Ele era um homem culto. Sua lealdade nunca foi questionada. Seus sensos morais eram corretos. Seu senso de propriedade era presente. E Henrique o admirava. More representava todo o bem do mundo em vários sentidos. Mas tome cuidado ao pensar no que more é. Porque more tem seus próprios demônios. Qualquer um que pense que tem que existir em profunda lealdade tem medo de algo ou está combatendo algo. Já Wolsey é completamente diferente.
Jonathan Rhys Meyers como Henrique VIII e Jeremy Northan como Thomas More
CARDEAL THOMAS WOLSEY
Cardeal Thomas Wolsey foi um poderoso estadista, cardeal da coroa e Lord Chanceler da Inglaterra durante o reinado de Henrique VIII. Wolsey conheceu o rei quando trabalhava como capelão pessoal ao governador de Calais. Tornou-se capelão do rei e mais tarde decano de Lincoln. O seu poder cresceu quando o Henrique subiu ao trono, e ao ser nomeado cardeal, organizou o Campo do Manto do Senhor cerca de cinco anos depois, como propósito de fazer as pazes com a França. Em 1523 foi designado bispo-príncipe de Hampton e teve um grande poder que não servia aos nobres da corte.
Henrique VIII e Wolsey por Sir John Gilbert
Henrique queria se divorciar de Catarina de Aragão desesperadamente para poder se casar com Ana Bolena, porém, convém ressaltar que o Papa, os parentes de Catarina e Wolsey, principalmente, não quis apoiar a separação. Diante de tal situação, Wolsey desagradou o rei, que o tornou inimigo também de Ana e todo o seu poder e adornos foram destruídos. Wolsey permaneceu arcebispo de York, mas em Yorkshire foi acusado de traição, sendo assim chamado de volta a Londres e morreu no caminho em 1530. Vale lembrar que esta, como qualquer outra parte da história é apenas uma das diversas versões existentes. No seriado, após Wolsey ser acusado de traição, o rei manda prendê-lo e, após uma conversa com Deus, uma confissão, o Cardeal tira sua própria vida cortando o pescoço.
Cardeal Thomas Wolsey – Christ Church (1526)
JONATHAN: Wolsey não tem escrúpulos. Wolsey é corrupto, e Henrique não precisava ser. Wolsey fica muito rico. Ele constrói Oxford. Seu ultimo grande ato é construir Oxford, e é um belo último ato. Ele era muito rico, tinha muito poder e uma amante. Acho que teve dois filhos. Posso estar errado, mas acho que sim. E ele cometeu um erro. E seu erro não foi o de obter a separação para Henrique, mas o de prometer algo que não podia dar. Henrique não teve escolha, senão livrar-se de Wolsey. Wolsey ficou encurralado de um jeito que não podia sair. E quando Roma (a Igreja, o Papa) não concordou com o divorcio de Henrique com Catarina, Wolsey fracassou com ele, de acordo com sua promessa. Mas de forma extraordinária perto da morte de Wolsey,Henrique encontrou-se com ele. Ele estava num banquete, e Henrique o acompanhou até a janela. E a ultima vez que foram vistos juntos, eles estavam rindo e fazendo piadas, como velhos amigos. Então, havia esse elemento. Ele é/era muito ligado ao Wolsey. Muito ligado e também o admira. Ele não se refere a ele de forma negativa como acontece com Richard Burton e Anthony Quayle. O relacionamento deles. E eu e Sam somos diferentes. Richard Burton tinha esse lance… Ele sempre o chamava de “vigário do inferno” e exibia sua corrupção. Mas eu interpreto diferente e exalto sua lealdade mesmo sabendo que ele é corrupto. Henrique não é bobo. Ele sabe que o que Wolsey faz é legítimo. Mesmo que o rei não queira puni-lo por traição, isso acontece. Porque Wolsey o fez de bobo. E um rei não pode ser feito de bobo.
Wolsey (Sam Neill) e Henrique VIII (Jonathan Rhys Meyers)

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